Petróleo e Petroquímica

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quarta-feira, 4 de maio de 2011

O princípio da mínima ação de maupertuis e a escolha das ações virtuosas

RESUMO:
O princípio da mínima ação foi proposto por Maupertuis no século XVIII, segundo um pressuposto finalista e unificador da Natureza. Suas aplicações na Óptica e na Mecânica foram imediatas, sendo que posteriormente foi aplicado também às demais áreas da Física com sucesso. A idéia subjacente ao princípio de mínima ação é a existência de uma lei de economia na Natureza, idéia esta muito antiga e citada por Platão e por Aristóteles. Neste trabalho, tenta-se correlacionar o princípio da mínima ação com a escolha das ações virtuosas, definida por Aristóteles na Ética a nicômaco como sendo uma mediania entre dois extremos. Para tanto, faz-se um breve retrospecto histórico-evolutivo do princípio da mínima ação; a possibilidade de correlacioná-lo com a ética e finalmente examina-se um exemplo ilustrativo das idéias propostas.

Para ler o artigo completo, baixe-o no formato pdf a partir deste link.

Ensaio filosófico: o que é, como se faz

Baixe deste link a apresentação no formato pdf.

Baixe aqui também a resenha do livro:
MARTINICH, A. P. Ensaio Filosófico: o que é, como se faz; trad. Adail U. Sobral. São Paulo, Loyola, 2002. 254 p. (Philosophical Writing - An Introduction, 2nd. ed., USA, Blackwell Publishers, 1996)


Adilson José de Assis1


“Domingo à noite, tenho que entregar um ensaio na segunda de manhã”. Este é o curioso título do Apêndice de 4 e meia páginas que consta no livro de Martinich. Qual o seu objetivo? Dar breves dicas para tirar do desespero quem se encontra na situação (não incomum) indicada no título do referido apêndice. Esta é a marca do livro “Ensaio Filosófico: o que é, como se faz” - seu caráter eminentemente pragmático, embora sem descurar do arcabouço teórico que jaz subjacente ao ato de escrever um texto filosófico.

A. P. Martinich é professor de Filosofia na University of Texas, Austin. Como tal, seu livro expressa a experiência de anos na prática docente e seu objetivo é proporcionar um manual no qual o leitor seja levado a se preocupar com a escrita clara, precisa e gramaticalmente coerente, com ênfase maior na precisão do que na elegância, afinal “metade da boa filosofia é boa gramática” (p. 12). A tradução para o português foi feita a partir da 2ª edição inglesa, entretanto, atualmente o texto já se encontra na 3ª edição, com novos acréscimos em relação à edição anterior. E, justamente ao consultar o título original (Philosophical Writing - An Introduction), verifica-se que não se trata a rigor de um manual acerca do ensaio como o entendemos enquanto estilo literário, mas sim versa acerca da escrita filosófica como um todo, na clareza, no rigor e na gramática, embora quando aborda a questão da estrutura do texto filosófico, esta se aproxima mais do ensaio filosófico. Talvez este seja o motivo pelo qual os editores responsáveis pela publicação traduzida tenham optado pelo título remetendo ao ensaio em particular e não tenham preservado o título original.

Quanto à estrutura, o livro é articulado em oito capítulos e um apêndice. Consta também um bom índice remissivo, o que infelizmente não é regra nas publicações em nosso país. Inicialmente o autor aborda a questão do autor e do público quando o objetivo é produzir um texto filosófico como exercício acadêmico. Tal questão é de suma importância, pois não raro há muitas dúvidas por parte dos alunos acerca da abordagem a ser adotada. Que devo escrever se meu professor já sabe tudo isto? Qual o grau de profundidade a ser perseguido? Para Martinich, o propósito do aluno-autor não é a persuasão, nem a exposição, tampouco a explicação. O público (o professor) é inteligente, mas não informado acerca da situação do aluno. Assim, “é responsabilidade do aluno mostrar ao professor que conhece o significado dos termos” (p. 24), ou seja, o aluno deve mostrar que domina o conteúdo, sabe articular o texto de modo adequado e domina o manejo da língua. Para os neófitos, é confusão comum associar texto filosófico à linguagem empolada, vaga e verborrágica. Mas, boa filosofia é 50% boa gramática e 50% bom pensamento (clareza, ordem, estrutura).

O ensaio une elementos retóricos e elementos lógicos. Por este motivo, para aqueles que não estão seguros acerca do que seja um bom argumento, ou dos argumentos válidos e convincentes, todo o capítulo 2 do livro aborda estas e outras questões, tais como: consistência e contradição, argumentos contrários e contraditórios e a força de uma proposição. Se o núcleo do ensaio filosófico é o argumento, escrever bom texto filosófico significa dominar a lógica clássica. A finalidade do capítulo é ser um curso elementar sobre os conceitos básicos de lógica e contém informações essenciais à compreensão dos elementos dos capítulos seguintes. O autor lembra, logo na introdução, que os leitores familiarizados com a lógica podem prescindir deste conteúdo. O demais, devem lê-lo lenta e atentamente.

Na seqüência, é apresentada a estrutura do ensaio filosófico, em duas formas: uma simples e outra um pouco mais complexa. A estrutura simples do ensaio é alcançada em 5 etapas:

  1. Apresente a proposição a ser provada;
  2. Apresente o argumento em favor da proposição;
  3. Demonstre que o argumento é válido;
  4. Demonstre que as premissas são verdadeiras;
  5. Retome de modo conclusivo o que foi provado;

Já a forma mais complexa, mantém as 5 etapas prévias, porém desdobra-as em sub-etapas, as quais são exemplificadas num modelo de ensaio intitulado “A teoria de Hobbes da moralidade segundo a ordem divina”. Este é justamente um ponto forte do livro de Martinich: tudo (ou quase tudo) que é discutido conceitualmente é fartamente ilustrado com exemplos na forma de frases, pequenos parágrafos ou mesmo citação de textos publicados na literatura, os quais são analisados criticamente. Isto é extremamente útil a todos os envolvidos com a tarefa da boa escrita filosófica, mas principalmente ao aluno do curso de graduação, via de regra inseguro e portador de dificuldade natural em transpor o conceito estudado na prática dissertativa.

Após apresentar a anatomia do ensaio, o restante do livro é dedicado à sua elaboração, às táticas do texto analítico, as restrições ao conteúdo e às metas em termos de forma. Por último, é abordada a questão da introdução, que o autor recomenda deixar como última parte a ser redigida no ensaio. Martinich aborda a questão da elaboração do texto, recomendando a seguinte seqüência de trabalho:

  1. Pensar no tópico. Exemplo: a natureza do livre-arbítrio;
  2. Tornar o tópico mais específico. A maneira mais fácil é transformá-lo numa tese (comprometimento com alguma posição particular). Exemplo: nenhum ser humano tem livre-arbítrio;
  3. Pense nos motivos pelos quais uma pessoa racional deve acreditar na posição que você decidiu defender; argumente em favor de sua posição (argumentos válidos, sólidos e convincentes - lógica formal); anote, separe os mais importantes dos menos importantes; quais se subordinam (quais razões sustentam outras razões);
  4. Pensar nas qualidades de que você quer dotar sua redação: clareza, precisão, organização, simplicidade (fugir da linguagem vaga, inexata, ambígua ou imprecisa);
  5. Comece a escrever: 1º esboço; 2º esboço; ampliação até o limite desejado. A vantagem desta técnica é que nunca se perde de vista a estrutura do ensaio.

Ainda são apresentadas outras dicas que podem ser muito úteis, tais como: no início, usar a escrita sem censura, a tempestade cerebral, para descobrir a direção e a estrutura; usar fichas separadas: uma para cada pensamento (ou a opção de quebra de página em textos no computador); não fazer pesquisa bibliográfica antes de iniciar a própria escrita: “escreva primeiro e cite depois”; mesmo os pensamentos equivocados podem auxiliar: “Poder-se-ia pensar isso e aquilo. Mas, como o demonstrou o Prof. Sabedoria, isso e aquilo estão errados porque ...” (p. 112); depois do texto escrito, fazer o aperfeiçoamento da gramática e da estilística.

Já na produção do texto analítico, algumas táticas importantes são úteis: nas definições, dar significados precisos (forma clássica: por gênero e diferença específica); fazer as distinções por caracterização ou por exemplos; na análise (no sentido estrito), que está para os conceitos, assim como as definições estão para as palavras, não incorrer na forma circular, nem usar proposições fortes demais, nem demasiadamente fracas; os dilemas são úteis para introduzir problemas. Um dilema pode constituir o núcleo do ensaio e em geral apresenta alternativas conceitualmente desagradáveis, a partir das quais o ensaio de desenrola; os contra-exemplos são métodos de crítica, não de construção de teorias. Eles mostram o erro de uma tese, sem mostrar diretamente o que é correto; o “reductio ad absurdum” é um método para resolver problemas que se baseia em: “se alguma proposição implica uma proposição falsa, essa primeira proposição também tem de ser falsa e sua negação, verdadeira.” (p. 175); o raciocínio dialético (tese simples → crítica → tese complexa) é útil quando se quer ir elaborando uma tese pouco a pouco. Em todos os casos muitos exemplos de textos reais ou não são apresentados.

Quanto às restrições ao conteúdo do ensaio, a principal é evitar o erro desonesto: o ensaísta deve buscar a verdade e só permitir o erro quando este for honesto, ou seja, quando o autor não tem consciência de que está incorrendo em um erro, seja por não dominar de forma adequada os conceitos, seja por usar uma forma argumentativa falaciosa. Tampouco deve-se fazer uso da autoridade como forma de convencimento, pois trata-se de uma falácia. Entetanto, deve-se lembrar que “os grandes filósofos construíram grandes argumentos filosóficos que devem antes de tudo ser conhecidos e depois criticados, revisados e ampliados” (p. 199). Afinal, para Étienne Gilson, “a única coisa pertinente à história da filosofia é a filosofia”. A literatura secundária (os comentadores) deve ser examinada a fim de se descobrir se ela lança alguma luz sobre o tópico primário, e só neste contexto justifica-se o seu uso. O autor do ensaio deve se lembrar ainda de que o ônus da prova pertence a quem apresenta a tese. Evidentemente, nem tudo tem que ficar explícito no texto, mas deve avaliar com cuidado o que se pode supor a partir deste e o que se exige prova ou evidência.

Com relação à forma do texto, algumas metas que devem ser perseguidas: coerência, clareza, concisão e rigor. A coerência consiste em fazer os devidos elos de ligação com o que veio antes e com o que vem depois. Para tanto, deve-se usar expressões de transição. A clareza, por sua vez, enquanto precisão, evita a ambigüidade, a vaguidade e a indeterminação. “O que pode ser dito pode sê-lo com clareza”, já disse Wittgenstein (Tractatus Logico-Philosophicus). “O verdadeiro filósofo sempre busca a clareza e a discriminação; ele tenta invariavelmente lembrar não uma torrente violenta, impetuosa, mas antes um lago suíço que, por meio de sua calma, combina uma grande profundidade com uma grande clareza, revelando-se a profundidade precisamente por meio de sua clareza.” Schopenhauer. A concisão, por sua vez, combina a brevidade com o conteúdo. Por último, o rigor envolve a clareza, a precisão e a explicitação das idéias e dos argumentos, não a absoluta, mas a necessária ou a suficiente.

O autor abre seu livro citando Voltaire: “Se eu tivesse tido mais tempo, esta carta teria sido mais curta”. Esta frase expressa bem a atividade de produção de um texto filosófico, o caráter de elaboração sucessiva que deve possuir, tendo como meta sempre a clareza, a concisão e a precisão, além da coerência interna dos argumentos. Embora o livro se dirija em particular ao aluno de graduação em filosofia, será um instrumento útil a todos aqueles interessados em produzir textos filosóficos mais elegantes, gramaticalmente coerentes e com estrutura argumentativa lógica. Fechando o livro, o autor poderia ter incluído uma bibliografia pertinente ao assunto, além daquela esparsa ao longo dos capítulos.

1Aluno do curso de Graduação em Filosofia da Universidade Federal de Uberlândia. Exercício de Resenha na disciplina Leitura e Produção de Textos em Filosofia 2, Prof. Bento Itamar Borges.


Software livre na engenharia

Duas palestras acerca do uso de software livre na Engenharia, em especial, Engenharia Química (clique nos links para baixar as apresentações no formato pdf), abordando a filosofia do software livre e os principais aplicativos de interesse do engenheiro. Apesar de ser um pouco antigas, a maior parte ainda é atual, embora os softwares citados tenham versões mais atuais e muito melhores do que as apresentadas aqui:

Palestra no COBEQ 

Palestra na Semana de Engenharia Química da UFU

EDUCAÇÃO: uma ação do ser humano no tempo e no espaço

Palestra pensada e proferida em conjunto com Olga Teixeira Damis da Faculdade de Educação da UFU.

SUMÁRIO
  • Colorindo com educação – a arte como reflexão da identidade
  • Fazendo com educação  – a aventura do desenvolvimento tecnológico
  • Escrevendo com educação – a aventura da escrita
  • Vivendo com educação – das selvas à vida urbana
  • Ouvindo com educação – os sons que encantam
Baixe aqui a palestra completa no formato pdf.

Para "assistir" os slides na forma de vídeo, siga o link abaixo:


http://www.youtube.com/watch?v=FMpg1Q41kAs

MANTRA E MEDITAÇÃO

“Eu Sou. Eu afirmo a realidade da minha existência; - não só a minha existência física, que é somente temporal e relativa, mas a minha real existência no Espírito, que é eterna e absoluta. Eu afirmo a realidade do Ego, da minha Alma, do meu Eu. O “Eu” real é o princípio espiritual, que está se manifestando no corpo e na mente, e a expressão mais alta de que sou consciente é a minha Alma, sou Eu mesmo. Este Eu não pode morrer nem ser aniquilado. Pode mudar a forma de expressão ou o veículo de sua manifestação, mas é sempre o mesmo “Eu” - uma parte do Espírito Universal – uma gota do grande oceano do Espírito – um átomo espiritual manifestando-se em minha presente consciência e trabalhando pra seu perfeito desenvolvimento. Eu sou a minha Alma – a minha Alma sou Eu; tudo mais é transitório e mutável. Eu Sou – Eu Sou.”


RAMACHARACA, YOGUE. Curso adiantado de filosofia yogue. Editora Pensamento. Pág. 64

CRÔNICA DE UM CONCERTO PARA A PRIMAVERA

Nada melhor que saudar a chegada da primavera, por estas bandas do lado de cá do equador, do que com uma música alegre, festiva, dançante! Se o leitor já pensou em axé, pagode ou congêneres, enganou-se, pois os autores das peças em questão possuem nomes complicados, tais como Schubert, Beethoven, Mozart. Os intérpretes, estes sim, possuem nomes bem mais amigáveis, comuns aos nossos ouvidos tupinquins, tais como Cássio, Carlos, Antônio, Sílvio, Maristela, ... Assim, nesta fusão multicultural, atemporal e atual, foi concebida, gestada e veio a luz a primeira apresentação da Orquestra Filarmonia, sob a regência do maestro Flávio Santos, do Departamento de Música da UFU.

Aos poucos o público foi chegando, acomodando-se, nas quase 600 cadeiras, segundo minha estimativa grosseira. Lá fora uma noite de temperatura amena. Lá dentro um ar condicionado gelado, talvez para que nossos ilustres autores, acostumados com os rigores dos invernos europeus, não se sentissem muito desconfortáveis com o calor dos trópicos. A despeito da temperatura do ambiente (temo que tal temperatura tenha desafinado algum instrumento, pois teve uma hora que “esguinchou” algo vindo lá do lado das madeiras!) havia muito calor humano, expresso de modo vigoroso no longo, bem longo aplauso final, após o “grand finale” proporcionado pelo 3º Concerto para Piano e Orquestra de Beethoven. Aliás, foi uma noite bem teutônica, pois tivemos dois austríacos e um alemão. Um repertório clássico e romântico, com direito à tímpanos na segunda parte. Isto veio bem a calhar, pois estava com muitas saudades do som inconfundível deste instrumento de percurssão, ausente nos nossos escassos concertos da Orquestra Camargo Guarnieri, de repertório predominatemente barroco.

Para compor agora todos os naipes necessários a uma sinfonia de Schubert, trouxeram músicos de primeira linha de Brasília e Goiânia, que junto com os talentos da terra, formaram um belo conjunto, colorido, como deveria ser tudo que é formado por brasileiros, povo resultante da união de todas as cores, todos os tons, de talento e que se supera pelo auto-esforço. Um povo que necessita apenas de um pequeno estímulo para fazer grandes coisas, realizações impensáveis, de criatividade ímpar, desperdiçada via de regra na vala comum da não-realização, da massificação.

Chamou-me a atenção detalhes, tais como: um spalla que movia o corpo tão vigorosamente que às vezes parecia querer tanger as cordas de seu violino com o próprio corpo. Um operador de câmera (ou como quer os gringos, um camera-men) que teimava em lançar seu holofote nas vistas dos músicos – cada vez que ele fazia isto eu me via no lugar do músico, cegado por aquela imensidão de Watts e impossibilitado de ler a partitura! Um público atento e educado. Coisas de um país que tem ainda muito que aprender, mas que ensaia bem os primeiros passos. 

Depois do som virtuosamente obtido do piano pelo concertista Flávio Augusto, vindo do Rio de Janeiro para o evento, o concerto foi encerrado ao som da abertura de As Bodas de Fígaro, com suas melodias inesquecíveis, que a gente teima em assobiar assim que toma o caminho de volta para casa, na esperança que o Brasil dos mensalões tenha conserto e que mensal vire sinônimo de concerto para a gente lavar a alma, praticar a estética em todo seu esplendor e, talvez, na sua maior complexidade, embora a mais simples e universal – a grande música de todos os povos e épocas!

Adilson J. de Assis

EM TEMPO: tudo isto aconteceu graças à realização de Creusa Resende, sob o patrocínio do Grupo Martins/Lei de Incentivo à Cultura. Adilson é Engenheiro Químico de formação e atuação profissional, faz o curso de Filosofia na UFU, não possui qualquer formação na área musical e o conteúdo aqui exposto pode apresentar informações inexatas.

Copyleft:Permitida a reprodução citando o autor e incluindo um link ao artigo original"
Texto originalmente publicado no jornal Correio de Uberlândia em 21/05/2008.