Petróleo e Petroquímica

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quinta-feira, 15 de março de 2012

Falácias e vegetarianismo


Um colega de trabalho me colocou a seguinte questão:

"Você termina suas mensagens com o lema: 'Expresse seu amor pelos animais e contribua para a preservação do planeta Terra sendo vegetariano'. Mas há um argumento que me incomoda e quem sabe você pode me ajudar a refutá-lo, exatamente o oposto: 'Expresse seu amor pelos animais não sendo vegetariano, pois se todos forem vegetarianos, os animais que podemos criar e abater humanitariamente, com uma vida boa, não existirão; é
melhor alguma vida do que vida nenhuma; logo, continue a comer carne produzida humanitariamente'".

Bom, vamos lá então...

Na minha modesta opinião não existe abate humanitário, existe apenas abate! Com ou sem dor uma vida está sendo ceifada para a satisfação de outra vida, sem necessidade nutricional, já que podemos obter todos os nutrientes sem abate. Este, na verdade, é uma forma disfarçada da relação predador-presa.

Seria melhor ter então poucos animais do que muitos em regime de escravidão. Além disto, há inúmeros outros fatores envolvidos na questão, pois a cadeia alimentar baseada na carne necessita de recursos naturais (água, pastagem, ração, antibióticos etc) em muitíssimo maior quantidade do que a obtenção direta das proteínas vegetais ou mesmo as animais sem abate (leite e derivados).

Então, para mim o argumento inicial é uma tremenda falácia, pois viola a regra de ouro de "não fazer ao outro o que não gostaria que fosse feito a você", estendendo aqui o conceito de semelhante a todos os seres vivos, em especial aos mais conscientes de suas existências, e apenas tenta distorcer os fatos a fim de justificar um "animal-cídio", doloso em alguns casos, culposo, na maioria.

Por paralelismo, imaginemos uma civilização extraterrestre que chegasse à Terra e resolvesse criar e abater “humanitariamente” os seres humanos para servirem de alimento... quem gostaria de estar nesta situação?!?

Após isto dito, confesso que eu não me interesso muito por estas justificativas todas, pois para mim é muito claro que sempre é possível construir um argumento, mesmo que falacioso, para justificar um dado "status quo" e uma mentalidade vigente*. Ainda, penso que as transformações do pensamento só são efetivas quando partem de transformações internas e cada um será chamado em momento oportuno a prestar contas de suas atitudes, culposas ou dolosas, em relação à sua própria vida e a dos seus semelhantes, humanos e não humanos!

Sem a prática da compaixão por todos os seres tudo pode ser tornar justificado e permitido, nos limites do nosso livre arbítrio.

*A propósito ver o excelente documentário "Inside Job" premiado com o Oscar em 2011, o qual mostra como as maiores mentes da teoria econômica foram cooptadas para justificarem a exploração/predação pelo mercado financeiro atual, sugando os recursos físicos e humanos do planeta de modo completamente esquizofrênico.

Um comentário:

Gustavo Ribeiro disse...

Post bem estruturado e opinião extremamente válida - não há sentido em criar uma vida com um intuito de terminá-la previamente, sobretudo se você força a criação dessas vidas, e as termina por fatores economicos em um momento otimizado para aumentar a massa (ou, o rendimento do processo!). Como carne, mas como sabendo do que se trata, e nenhuma falácia ou argumentação muda o ato, ou as consequencias do mesmo.